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11 julho 2011

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Perdão




"O preço que se paga às vezes é alto demais"
A voz de seu namorado dava voltas em sua mente.
Namorado? Ex? Quem era aquele rosto que ela já não reconhecia?
Ele não aceitava. Não aceitava que ela tinha de sair daquela cidade pequena que a sufocava, não aceitava que seus sonhos nunca se realizariam no interior... Por que aceitaria? Ela sempre concordou com ele, sempre abriu mão de sua opinião própria para ficar com o homem que supostamente amava.
Mas não dessa vez.
A discussão dava voltas em sua mente enquanto se acomodava no banco do ônibus. Ajeitou o cinto que sufocava seu pescoço, e por um segundo perguntou se ele doeria muito se fosse apertado com apenas um pouco mais de força...
Não! Ela pensou, confiante. Isso não vai ser o fim da minha vida, este é apenas o começo!
Ela lembrou como o rosto dele empalideceu quando disse que tinha comprado duas passagens para São Paulo. Como ele ficou irritado quando ela disse a pura verdade de que ele nunca aceitaria fazer algo que não fosse para si mesmo. Como ele gritou com ela e disse que entrasse naquele ônibus sozinha, ficaria assim para sempre.
Ela olhou para a janela, ignorando a visão do banco vazio ao seu lado. Isso fora a uma semana, e dês daquele dia ele tentou falar com ela novamente, mas ela estava magoada.
Apesar da insistência, não atendeu ao telefonema,  nem aos milhares seguintes que se seguiram. Apagava as mensagens de sua secretária eletrônica sem nem ouvir, e não quis mais pensar nele.
Manteve os olhos fixos a sua frente, incapaz de ver o seu antigo lar sumindo a quilômetros por hora. O  homem a sua frente tinha o cabelo exatamente igual ao dele.
-Não, - ela se desiludia - ele nunca voltaria atrás de mim.
Só percebeu que falou em voz alta quando o homem sentado a sua frente virou-se e deu um sorriso.
Um sorriso que ela conhecia.
-Posso saber por que está tão triste? - A voz conhecida a fez tremer.
-Estou viajando atrás do meu sonho, mas meu namorado não aprovou.
Ele se levantou e sentou ao lado dela, sem ser convidado:
-Talvez se você desse a ele uma chance de se desculpar, veria como ele se sentiu um idiota.
-Talvez... - ela deu um sorriso.
-Me perdoa? - ele disse com cara de cachorrinho pidão.
-Não - ela sorriu com a decepção estampada nos olhos dele - Te perdoei quando te vi subindo para o ônibus atrás de mim.
Ela lhe deu um beijo, que selou seu destino, seu futuro e seus sonhos.

Lara Vic.

2 comentários:

  1. Adorei!
    Que lindo seu conto, você escreve tão bem. O jeito que você descreve todos os detalhes é incrível. Adorei o seu blog, viu? Lindoo!
    Beijoo :)

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  2. Concordo com o comentario acima! Adorei os detalhes que ajudam realmente a visualizar a cena, a situacao...ja pensou em escrever para o cinema? Parabens, Lara!

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