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Estava ela na floresta, sozinha, esperando.
Vestindo o vestido de noiva da mãe, branco como marfim, bordado pelas melhores costureiras e feito da mais pura seda, a bela jovem, com os olhos negros brilhando na escuridão, tinha a esperança e o amor batendo em seu pulso, enchendo suas veias de alegria e corando as bochechas cheias de vida.
Em sua mente ela repassava o momento quando ele mandou que ela esperasse a Lua estar alta, então, ele disse, eles fugiriam. Ela chorou, não queria abandonar a família, os confortos, os pais, o mundo conhecido.
Menos romântico do que de costume, ele a encarou com os olhos azuis frios e disse:
-É a única maneira.
Ela assentiu. Seu grande erro foi deixar o coração falar mais alto que o bom senso. Mas ela nunca havia ouvido o coração e sempre fora infeliz. Não era a hora de compensar isso?
Antes de ir, sentada no seu quarto, acariciando o véu que ia vestir, ela sentiu a luz da lua na pele, como um beijo de despedida de tudo que ela conhecia.
Suspirou, ajeitou o véu no topo de sua cabeleira negra, deu uma última olhada no espelho e partiu para a escuridão da floresta, para nunca mais ver a Lua.
Esperava pacientemente, olhando no meio da escuridão, tentando discernir traços.
Sentiu uma mão rude enlaçando sua cintura e um hálito assustadoramente familiar em seu pescoço. As quatro palavras seguintes junto com a lâmina repentinamente gelada em seu pescoço selaram seu destino:
-Que bom que veio.
De repente tudo ficou escuro.
Victória acordou no seu quarto, no meio do breu, e tremeu.
Passou a mão nas orelhas: Nenhum brinco caro.
Nas mãos: Nenhuma aliança.
Na cintura: Nenhuma mão.
No pescoço: Nenhum corte.
Acendeu a luz de seu quarto rústico com um bater de palmas. Tudo arrumado como ela deixara quando fora dormir, na mais tranquila paz, e o livro de histórias de fantasmas derrubado no chão, que ela dormira lendo.
Rindo, ela se levantou e levou-o para a prateleira. Apagou a luz, e antes de cair no sono pesado, juraria no dia seguinte que ouviu as duas palavras que gelaram sua espinha:
-Bons sonhos.
E, se ela abrisse os olhos, veria um par de pontos azuis gelo no meio da escuridão?
Lara Vic.
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