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19 janeiro 2012

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Sufocante


Abri meus olhos e encarei o quarto escuro. Nenhum som podia ser ouvido na casa inteira, exceto talvez o da minha respiração. Minha mãe e meu pai dormiam profundamente no quarto ao lado. Eu não os ouvia, mas tinha certeza que estavam lá.
Suspirei. Já faziam noites que eu não conseguia dormir direito. Eu não sabia direito qual era o motivo, mas simplesmente o sono passava reto por mim.
Suspirei e joguei fora as cobertas aconchegantes. Sentei na cama e me estiquei um pouco. Toquei os pés no chão com cuidado e senti a súbita mudança de temperatura com um arrepio. Abracei meu próprio corpo para tentar manter um pouco o calor, e com os pés descalços caminhei até a grande porta que dava para o corredor.
Abri a porta fazendo o mínimo de barulho possível, e em seguida toquei o piso de fora do meu quarto. Molhado? Foi o meu primeiro pensamento. O chão estava forrado de água. Estranhei, e olhei para o andar de baixo. Água. Muita água. Era como se a imagem que eu sempre via quando olhava para baixo fosse completamente plana. Uma foto que se mexia e fazia um ar frio chegar até mim.
Tremi de frio, mas não encontrei nada de muito estranho na água. Ela era convidativa, ao menos por fora. Subi na bancada do segundo andar e pulei dentro da água. Me arrependi instantaneamente, um pouco antes de sentir meus pés tocando a água em uma explosão de gotículas. Embaixo da água minha casa era fantasmagórica, e a água entrava pelos meus pulmões, e me sufocava...
Lembrei o motivo de não conseguir dormir. Lembrei dele. Lembrei de como eu achava que ele era incrível, mas na verdade ele era um idiota. Ele me sufocava, ele estava tirando a minha vida aos poucos... Tentei chegar à escada, mas repentinamente uma correnteza se formou, e ela estava longe... Eu não tinha mais ar, não tinha mais esperança, até que...
Acordei com um grande susto. Meu coração batia rápido e fui atingida por milhares de lembranças ao mesmo tempo. O começo, o sufocamento, o término... Como ele me deixou e como o alívio e a tristeza se misturaram repentinamente.
Respirei fundo. Nenhuma água. Nem o cheiro dele, nem a tristeza. Apenas o alívio de não estar morrendo. Desci da cama bem rápido, e corri até a porta do meu quarto. Fiquei aliviada. A madeira estava perfeitamente seca. O andar térreo estava normal, e eu estava sem ele novamente. E sim, finalmente eu via o lado bom disso. Sorri comigo mesma e deitei na cama, preparada para uma longa noite de sono.

Estou um pouco sem inspiração. Me magoa como eu tenho normalmente que ir atrás de blogs para que eles respondam o comentário. Eu entendo, isso é normal, mas gostaria que vocês lêssem por ler e não a idéia vou-ler-e-escrever-um-comentário-para-ser-respondido(a). Isso os que lêem né? Enfim, espero que gostem. :)

3 comentários:

  1. Dá pra criar cenas incríveis e das mais variadas formas. Não conseguiria colocar tanta fantasia misturada com sentimento dessa mesma maneira. Ficou muito bom!
    beijos

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  2. Gostei da história, li meio apreensiva que fosse acontecer realmente algo ruim com ela, mas depois dos detalhes dela quase não podendo mais respirar pensei que seria bom se ela acordasse de um pesadelo, e foi o que aconteceu! Muito bacana Lara!

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  3. Sem inspiração?! O texto tá lindooo Lara e isso é sem inspiração?!
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