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02 junho 2011

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Reflexões



Ele encarava o nada com paixão.
Devaneando sobre os barcos e seus tripulantes, sobre o Sol e sobre o mar. Não trazia caneta ou caderno, pois pensava tão  mais rápido que suas mãos , que uma caneta podia deformar e banalizar seus sentimentos puros e magníficos.
Talvez estivesse exagerando. Talvez seus pensamentos nem merecessem gastar tinta de uma caneta ou linhas de um caderno.
Então no dilema dos dois motivos de não escrever, ele encarava a água e nela de via refletido. Era alguém acima da média ou medíocre? Mereceria ele letras que o descrevessem?
Não, provavelmente não. O mundo nunca conheceria seu cabelo castanho, seus olhos verdes e seu estilo despojado. Mas e se o mundo precisasse conhece-lo? E se? E se?
Ele passou a vida daquele jeito. Sentado no banquinho, pensando... Até que anos depois, descobriu quem era.
Levantou com dificuldade, os anos pesando em suas costas. Era um idoso, pode perceber quando se curvou sob a água e viu seu reflexo. Velho.
Abriu a boca para afirmar o pensamento de sua vida. Mas percebeu que estava sozinho e ninguém ia escutar. afastara a todos. Sussurrou então para si mesmo enquanto ultrapassava o limite seguro de distância das águas:
-"Eu me fiz ser ninguém!"
Se jogou no espelho de reflexões que é o mar, onde nunca se vê nada claramente, e desapareceu entre ondas de dúvidas.
Hoje ainda se vê a lembrança do homem sentado no banquinho, pensando...Pensando...
Para sempre.
Lara Vic.

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