O nome é a dama ruiva mas a menina loira vai ser explicada ;)
Aproveitem!
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Ela estava sempre ali, sentada.
Não importa o clima, o dia, ela estava sempre ali na pracinha, lendo ou escrevendo. Acho que nem uma nevasca, ou um grande desastre a impediria de estar ali, todo dia, pontualmente às 6:40, pensativa sob um capuz que tentava, sem sucesso, esconder sua beleza.
Sempre que eu passava ali, a caminho da escola, encarava o topo do capuz e os cabelos ondulados vermelhos que dele escapavam. Uma vez, ela até levantou o olhar, e a imagem de seus dois olhos azuis e seus lábios em forma de coração ficaram para sempre impressos em minha mente. Mesmo em feriados, eu sempre passava lá na frente, só para ver de relance os cabelos de fogo.
Sempre me perguntei quem era ela, se era boa ou má, se realmente existia. Passei semanas enamorado a ela.
E foi num dia qualquer, sem importância para a maioria, mas muito marcante para mim, em que tomei coragem para falar com a dama ruiva do banco.
Acordei uma hora mais cedo. Tomei um bom banho, passei colônia, coloquei minha melhor roupa! E andei, repassando minhas palavras, com mais e menos certeza a cada segundo.
Virei a esquina com uma falsa confiança, e virei a cabeça para o banquinho que já considerava dela. Qual não foi minha surpresa ao ver uma loira, com vestido branco, na mesma posição.
A surpresa foi tanta que dei um baque, e ela notou. Levantou o olhar e vi nela os mesmos olhos azuis e a mesma boca em formato de coração que me tiravam o sono.
Aquilo foi demais para mim, que já estava uma pilha de nervos. Continuei andando com passos firmes e ao mesmo tempo tremendo. Foi quando uma voz me impediu como um muro de tijolos. Um simples murmúrio:
-Espere!
Parei sem me virar. O doce som daquela voz exercia um efeito sob mim que eu não conhecia. Antes de perceber, já havia me virado e me sentava ao lado da loura.
-Quem é você? - falei enquanto desfarçadamente fitava o caderno em seu colo, com uma linda caligrafia feminina e uma caneta pendurada.
-Ia lhe perguntar o mesmo. Há coisas aqui sobre você. - falou me indicando o caderno.
Sem entender mais nada, em um gesto - devo admitir - brusco, arranquei-lhe o caderno das mãos e o segurei no meu colo com a mesma delicadeza que um filhote ferido. Passei a mão de leve na folha, sentindo sua textura, enquanto decifrava os finos traços desenhados pela mão da dama ruiva do banco.
Seg 02 Mai 2011
Ele passou aqui novamente. Parece que não canso de encarar suas costas. Não entendo como posso sentir tal curiosidade por alguém que só encarei nos olhos uma vez.
E que olhos...
Ter 03 Mai 2011
Mais uma vez. Hoje me permiti soltar um pouco o cabelo, só para ele reparar. Mas como disse mamãe, homem não repara.
Quar 04 Mai 2011
Hoje estou triste. Percebo que só fico aqui sem motivo nenhum para ve-lo. E de que me serve ve-lo se não posso falar com ele? Ele já deve ter se questionado muitas vezes quem é a maluca ruiva sempre escrevendo. Acho que nem eu poderia responder essa pergunta.
Quin 05 Mai 2011
Decidi. Tenho que falar com ele. Mas como alguém chega e diz ''Eu quero te conhecer''?
Sex 06 Mai 2011
Amanhã vou tomar uma atitude. Quando ele passar vou levantar o olhar de novo e encarar aqueles olhos novamente. Depois não sei o que acontecerá.
Sáb 07 Mai 2011
Escondi meus cabelos ruivos em uma peruca loira e tirei o capuz que sempre foi meu escudo. Não sei o que vai acont...
Antes de acabar de ler entendi tudo e me virei para a dama ruiva do banco. Ela já havia tirado a peruca loira e pude encará-la verdadeiramente sem me preocupar se estava andando rápido ou devagar demais. Eu não estava andando. Estava parado. E parado naquele momento que sabia que seria o começo de uma nova história.
-Oi - sorri amarelo
-Olá - ela deu um sorriso vibrante.
E nossa história começava.
Lara Vic.
Gente, nunca que eu vi essa história tomando esse caminho. Que sutileza. Deu vontade de ler mais :x
ResponderExcluirParabéns, Lara Vic.