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18 janeiro 2013

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Nostalgia


Sabe quando aquela sensação de nostalgia ocupa o ar que você respira, transborda em seus pensamentos, te afoga em um tempo que a muito já passou?
As vezes o passado simplesmente nos seduz. Devagarinho ele nos puxa para lembranças boas ou ruins, e nós damos um breve passo entre o espaço e o tempo, e revivemos o que a muito já passou. 
E lá estava eu, andando pelas ruas de São Paulo, naquele bairro tão familiar que eu sabia ser bem antigo. Os altíssimos arranha-céus estavam fora de vista por trás de frondosas arvores, e edifícios de arquitetura antiga se erguiam à minha frente. Pouco a pouco comecei a entrar naquele emaranhado de lembranças: A calçada onde eu ralei o joelho, a cerca onde eu prendia minha bicicleta, a arvore onde tive meu primeiro beijo... Fui caminhando sem pressa, deixando que vários flashs tomassem minha mente um de cada vez.
E conforme meus passos se aproximavam da entrada da casa, tão familiar mas ao mesmo tempo tão diferente, fiquei triste por não ser tomada por nenhuma onda de lembranças. Eu já não lembrava do rosto deles. Suas vozes, suas manias... Nada.
Revirei minha bolsa e tirei de lá um pedaço de papel velho levemente amassado. Lá uma mulher vestida singularmente sorria para um homem que não parecia estar entendendo nada. 
Mamãe e papai, perdidos no passado a tanto tempo, tanto tempo que nem deu tempo de deixarem algumas lembranças comigo. Eu tive que me contentar uma lembrança congelada no papel, sem som, sem cores... Mas era tudo o que eu tinha.
-Srta. Almeida? - Uma mão tocou meu ombro, e só então percebi que uma lágrima escorria por minha face. Virei-me para o corretor de imóveis recém-chegado - gostaria de alguns minutos? Posso voltar mais tarde.
-Não - limpei a lágrima - onde eu assino?
Ele estendeu alguns papéis e me entregou uma caneta:
-Se me permite perguntar, por que chorava?
Dei um pequeno sorriso, entreguei-lhe os papéis e mostrei a foto:
-Essa é a única lembrança que eu tenho dos meus pais. As outras fotos foram perdidas ou nunca chegaram a ser tiradas. Eu não lembro da risada da minha mãe ou do cheiro do meu pai, mas mesmo assim, sempre que eu fico exatamente aqui e olho para essa foto... É como uma nostalgia que tudo que podia ter acontecido, mas que o destino decidiu tirar de mim.
-E por que vender a casa então?
Suspirei lentamente, despedindo-me daquele portão tão familiar.
-Porque não posso viver de lembranças, tenho que encarar a realidade, e nunca poderei fazer isso morando aqui. Tomara que esta casa dê novas memórias muito felizes para os moradores, que possam parar aqui e lembrar tudo de bom que aconteceu na vida deles, mas meu tempo aqui acabou.
Sai de lá escapando dos agradáveis emaranhados de lembranças que tanto me atraíam. Virei a rua, e consegui enxergar alguns arranha-céus. Eu estava voltando ao presente, finalmente saindo daquela eterna nostalgia.
Heeey o/
Bom, depois de um bom tempo sem conseguir escrever meia palavra, o Projeto Bloinques lançou uma edição visual que eu adorei e finalmente consegui alguma inspiração para fazer um conto (que me custou muitas tentativas de um final decente haha). Espero que gostem ^^
Ah, agora serei colunista em um outro blog chamado Guerra no Papel onde também postarei meus contos e poemas, estou bem animada com isso *-*
Comentários?

8 comentários:

  1. Parabéns pelo conto, gostei muito deste!!

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  2. Muito bom, menina!
    Espero que sua inspiração continue...

    Beijos

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  3. Ei, Lara! Que bom que gostou do meu texto, fico feliz (: Adorei o seu também e também adorei escolher minha madeira, hahaha' *-* Estou seguindo aqui. Quanto aos meus seguidores, eles ficam no canto direito, logo depois dos marcadores. Beijos :*

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  4. uaaaaau, adorei ! muita vezes também parece que e vivo de lembranças... pena que não dá pra viver assim... afinal, o presente está ai, né ?
    muito bom mesmo, me identifiquei pra caramba ! to torcendo por você, espero que vença a edição visual *-*

    beijos <3
    http://eucontocontos.blogspot.com.br

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  5. Parece que um filme passou pela minha cabeça enquanto eu lia esse belo conto. Nesse momento fui seduzida por lembranças, rs
    Adorei, muito bonito.
    Sucesso, colunista! haha
    beijos

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  6. Muito lindo! Você escreve muito bem. E eu sou apaixonada por contos.

    Seguindo.

    Beijo.

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